terça-feira, 30 de abril de 2013

Adeus Abril



Mês de grandes emoções e prelúdio de grandes mudanças.
Depois de duas semanas de estudo intensivo de italiano fiz finalmente o malfadado exame que certifica a minha competência em italiano L2, nível C2, que é como quem diz nível praticamente de língua materna. Resultados? Só daqui a um mês (muito didático). Foram sete horas com duas pausas de meia-hora. Depois de uma maratona do género queres passar ao exame principalmente para não ter que o refazer, e o cérebro está literalmente em papas. Se estiveres grávida de 7 meses e meio, é provável que o resto do corpo também esteja em papas.
Done.
Depois do exame, decidi que ainda podia trabalhar mais vinte dias. Médica e futuro-papá meteram-se de conluio para me convencer que era melhor parar já. Não me convenceram mas não tinha energia para os contrariar – nota mental uma semana depois- médica e futuro-papá tinham razão.
Tic Tac TicTac
É difícil pensar noutras coisas. A iminência do evento transborda para todos os aspectos do dia a dia. O catraio é tão grande que grande parte dos seus movimentos são perceptíveis. E é um catraio que gosta de se esticar, e estica-se. E lá vai uma parte da minha barriga para cada lado, às vezes acho que ele pensa que está dentro de um ovo, e que se empurrar mais um bocadinho consegue sair, penso que está a ficar impaciente…
Tic Tac
Um ano de casamento (parece que sou uma fêmea surpreendentemente eficaz, casório a pouco mais de um ano e já estou para parir um filho, os meus antepassados iam ficar orgulhosos!) é a desculpa ideal para uma mini escapadela romântica, lá fui eu com o ex-noivo-futuro-papá e ele com a sua baleiazinha de estimação. Sim, porque agora sou realmente uma pequena baleia fora de água, e digo-o com ternura! Mas não é possível descrever a impotência física que não tem alternativa a render-se às evidências. Não descreverei a infinidade de pequenos gestos quotidianos que se tornaram autênticas aventuras, nem as manobras complicadas que é preciso fazer para simplesmente sair da cama. Nada que uma boa dose de ironia e um futuro-papá muito paciente não ajudem a ultrapassar.
Apesar das agora imensas restrições físicas, continua a ser um momento muito especial, talvez mais introspectivo. É agora que me sinto literalmente na “doce espera”, entregando-me sem resistência às minhas hormonas, e juntas vamos preparando o grande evento e o ninho. Também me deixo navegar pelas águas mornas da curiosidade, como será, como não será, gostará de morangos? Como vai ser o cabelo? Será resmungão?
Seja como for, sinto que também ele se prepara, os soluços agora frequentes significam uma afinação dos pulmões (único órgão que ainda não funciona plenamente). Prepara-se para a grande viagem, afinal Parto vem de partir, e o piruças faz as provas finais. Agora pode nascer a qualquer momento sem ser considerado prematuro, mas eu espero que ainda se deixe estar aqui no aconchego mais umas três semanitas pelo menos, porque eu ainda preciso de duas ou três afinações cerebrais, já para não falar do berço e da banheira. Ah, e da máquina-destruidora-de-fraldas-mal-cheirosas – o progresso não é maravilhoso?