São mais ou menos 4 meses. Um amigo uma vez explicou-me que
durante a gravidez a contagem das semanas é uma ciência oculta, porque as
semanas nunca equivalem aos meses, e contando as semanas seriam 10 – e não os
clássicos 9 – meses de gestação. Bom, não é uma ciência oculta, mas ou não vou
explicar aqui como funciona porque abundam pela net os sites que explicam
detalhadamente como funciona esta contagem e que oferecem “calculadores de
gravidez”, ou seja, um método mais ou menos eficaz para calcular
aproximativamente a data prevista do parto. De momento parece-me que é
suficiente dizer que estou na 16ª semana e que a data previsível do parto é a
40ª semana, ou seja, será um gémeos de início de Junho.
Admito que não é o modo mais… afectivo e entusiasta para
inaugurar o meu blog de deambulações, que nos próximos meses será
inevitavelmente uma espécie de diário de bordo da gravidez (ou do meu estado
interessante, como diria um italiano), mas agora que entrei no clube secreto
das grávidas a contagem das semanas tem uma certa magia que não posso esconder,
e provavelmente, também não posso explicar.
Agora que me vou deixando pouco a pouco apaixonar por esta
esperança-de-filho a vontade de partilhar os meus sentimentos torna-se
imperiosa, como qualquer outro desejo de grávida. Uma das coisas mais
frustrantes é as ecografias serem espaçadas um mês ou mais, a curiosidade é
transtornante: sinto as pequenas mas constantes mudanças do meu corpo, mas não
posso ver o que acontece, sou remetida por mim própria, pela minha natureza, a
um estado de passividade, de acção mecânica sobre o qual não tenho nenhum
controlo.
Neste momento o meu feijão começa a desenvolver o aparelho
auditivo. Pouco a pouco começará a ouvir novos cambiantes sonoros e dentro de
um mês terá o sistema auditivo completamente desenvolvido.
- Não posso explicar
o arrepio de medo que provo ao escrever estas coisas. Como se descrever o que
está a acontecer pudesse incorrer numa espécie de agoiro. É uma sensação que
não posso evitar, apenas absorve-la e fazê-la corajosamente parte de mim, o que
for será. Imagino que este seja aquele embrião de medo que acompanha um pai ou
uma mãe para toda a vida: o medo de que algo aconteça ao seu filho.
Gotta live with that! Mas actualmente o meu estado de espírito predominante é de estupor,
admiração, assombro.